Nos anos 50, na América, Allen Ginsberg viu os melhores da sua geração destruídos. Vejo a mesma coisa hoje, na Europa, estou talvez louca, dizem-me que não, que não, que vejo o que não está lá, que o diabo nem sempre está atrás da porta, mas tudo o que posso ver com horrorosa nitidez é isso, a minha geração sem presente, nem futuro, nem lugar, os melhores da minha geração destruídos, cada um no seu canto de silêncio entregue à sobrevivência, encafuados entre os novos e os velhos, enquanto assistem com os dentes cerrados ao espectáculo do século XX a ser espezinhado, a memória de um sonho de fraternidade a ser trucidada pelos vagões, vagões, vagões que atravessam carregados de espectros e ininterruptamente a paisagem em que nenhuma modernidade floresce.